quarta-feira, 22 de outubro de 2014

CHIKUNGUNYA

     A febre chikungunya é uma doença viral parecida com a dengue, transmitida por um mosquito comum em algumas regiões da África. Nos últimos anos, inúmeros casos da doença foram registrados em países da Ásia e da Europa. Recentemente, o vírus CHIKV foi identificado em ilhas do Caribe e na Guiana Francesa, país latino-americano que faz fronteira com o estado do Amapá.
     O certo é que o chikungunya está migrando e chegou às Américas. No Brasil, a preocupação é que o Aedes aegypti e o Aedes albopictus, mosquitos transmissores da dengue e da febre amarela, têm todas as condições de espalhar esse novo vírus pelo País. Seu ciclo de transmissão é mais rápido do que o da dengue. Em no máximo sete dias a contar do momento em que foi infectado, o mosquito começa a transmitir o CHIKV para uma população que não possui anticorpos contra ele. Por isso, o objetivo é estar atento para bloquear a transmissão tão logo apareçam os primeiros casos.
 
Sintomas

    Embora os vírus da febre chikungunya e os da dengue tenham características distintas, os sintomas das duas doenças são semelhantes.
    Na fase aguda da chikungunya, a febre é alta, aparece de repente e vem acompanhada de dor de cabeça, mialgia (dor muscular), exantema (erupção na pele), conjuntivite e dor nas articulações (poliartrite). Esse é o sintoma mais característico da enfermidade: dor forte nas articulações, tão forte que chega a impedir os movimentos e pode perdurar por meses depois que a febre vai embora.
     Ao contrário do que acontece com a dengue (que provoca dor no corpo todo), não existe uma forma hemorrágica da doença e é raro surgirem complicações graves, embora a artrite possa continuar ativa por muito tempo.

Diagnóstico

     O diagnóstico depende de uma avaliação clínica cuidadosa e do resultado de alguns exames laboratoriais. As amostras de sangue para análise devem ser enviadas para os laboratórios de referência nacional.
     Casos suspeitos de infecção pelo CHIKV devem ser notificados em até 24 horas para os órgãos oficiais dos serviços de saúde.

Tratamento

     Na fase aguda, o tratamento contra a febre chikungunya é sintomático. Analgésicos e antitérmicos são indicados para aliviar os sintomas. Manter o doente bem hidratado é medida essencial para a recuperação.
     Quando a febre desaparece, mas a dor nas articulações persiste, podem ser introduzidos medicamentos anti-inflamatórios e  fisioterapia.

Prevenção
 
     Existe vacina contra febre chikungunya. Na verdade, a prevenção consiste em adotar medidas simples no próprio domicílio e arredores que ajudem a combater a proliferação do mosquito transmissor da doença.

Observação importante:

     No Brasil, até o momento, só foram registrados três casos importados da febre chikungunya. Os pacientes foram infectados no exterior, num dos 40 países por onde o vírus circula faz tempo. Os episódios foram controlados, sem que houvesse nenhum sinal de transmissão do CHIKV em território nacional.
     No entanto, o risco de transmissão local existe. A proximidade da Copa do Mundo e de outros eventos no País favorece a vinda de turistas provenientes de áreas infectadas pelo CHIKV. Mesmo assim, não há motivo para alarme.  Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde,  nossos serviços de saúde e de vigilância sanitária estão atentos. Os casos confirmados no Brasil foram notificados para a Organização Mundial da Saúde (OMS). Na mesma linha de conduta, médicos, laboratórios e as secretarias municipais e estaduais de saúde estão recebendo orientação sob a melhor forma de agir diante da nova doença.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

ANIMAIS BRASILEIROS IMPORTANTES PARA A CIÊNCIA

      Um ovo manifesto assinado em conjunto pelos presidentes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe) defende o uso de animais como cobaias em experimentos científicos, mas afirma que seu uso pode — e deve — ser abandonado nos testes de cosméticos. Segundo o documento, esse tipo de procedimento já é proibido em alguns países do mundo e o setor conta com técnicas capazes de substituir os modelos animais.
     A SBPC reúne mais de 6 000 pesquisadores de diversas áreas, com o objetivo de defender o avanço da ciência no Brasil. Já a Fesbe congrega sociedades científicas brasileiras de áreas voltadas à biologia experimental, como a biofísica, bioquímica, farmacologia, fisiologia, imunologia e neurociências — todas elas envolvidas diretamente com as pesquisas com modelos animais.
     O documento afirma que o uso de animais em pesquisas científicas é essencial para o desenvolvimento científico brasileiro. Esse tipo de estudo já trouxe inúmeros benefícios para a humanidade, como "vacinas, medicamentos, desenvolvimento de próteses e cirurgias, terapias com células tronco e terapia gênica", diz o manifesto.
     Segundo o documento, os pesquisadores têm realizado um esforço para reduzir o número de animais utilizados em suas pesquisas, fazendo o planejamento racional dos experimentos e substituindo-os por métodos validados sempre que possível. O uso desses métodos alternativos é, inclusive, exigido pela legislação brasileira. O problema é que, por enquanto, não existem métodos alternativos capazes de substituir por completo os animais. Não é possível simular toda a complexidade do corpo humano em pesquisas que buscam desenvolver novos medicamentos e vacinas, por exemplo.
     Cosméticos — Segundo o documento, o mesmo não se aplica às pesquisas com cosméticos. "O uso de animais para testes cosméticos é menos essencial e metodologias alternativas validadas podem substituir o uso de animais para esse fim", diz o manifesto.       Esses testes já são proibidos em alguns países, como Índia, Israel e toda a União Europeia, e estão sendo abandonados pela maior parte da indústria. No Brasil, a lei ainda permite esse tipo de estudo.
     O documento destaca, no entanto, que antes da proibição completa dessa modalidade de estudo no país, são necessárias algumas mudanças na legislação. Se elas não acontecerem, as técnicas alternativas usadas ao redor do mundo não poderão ser adotadas no Brasil. A Lei 9434/97, por exemplo, impede a comercialização de kits de pele humana, uma das ferramentas alternativas mais usadas no mundo para testar a irritabilidade dos cosméticos. "Esse kit certamente já poderia ser produzido e comercializado no Brasil, se não fossem as barreiras legais", diz o manifesto.
     O próprio Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), órgão responsável por regulamentar as pesquisas com modelos animais no Brasil, cogita proibir o uso dessas cobaias nos testes de cosméticos. Em entrevista concedida ao site de VEJA em outubro, Marcelo Morales, coordenador do Concea, afirmou que o órgão estuda mudar as regras referentes a esse tipo de pesquisa, mas espera que os impedimentos legais sejam resolvidos antes disso.